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Mostrando postagens de 2018

Conto #68 - Malvern Hills (Kazuo Ishiguro, Inglaterra, 2009)

Quando você chega no terceiro conto da antologia "Noturno" certamente já se acostumou com o estilo superfícial e simples do autor. E partindo do príncipio que esta característica não vai lhe incomodar mais, é até possível aproveitar a fluidez com que os contos longos podem ser lidos. Mas existe uma certa contradição quando comparamos a inspiração assumida dos textos, o jazz; e o estilo do autor. Enquanto o ritmo musical é conhecido por sua complexidade e imprevisibilidade, o texto é raso na forma e no conteúdo.    (Onde ler: Noturnos - Histórias de música e anoitecer , Kazuo Ishiguro, Editora Companhia das Letras, 2009)

Conto #67 - OK, você venceu (Ana Maria Machado, Brasil, 2012)

Há uma ousadia e inovação (para mim pelo menos) no discurso quase imperativo - sinceramente não sei o nome desta artimanha. É como um diálogo no qual a trama é narrada de um modo que "você" é o protagonista. Ainda que digam que são indissociáveis, aqui a forma se sobressai sobre o conteúdo.  (Onde ler: Contos , Ana Maria Machado, Objetivo, 2012)

Conto #66 - O mistério da árvore (Raul Brandão, Portugal, 1926)

Uma bela variação de conto de fadas realizado em uma linguagem extremamente poética e visual. Leitura surpreendente e deliciosa. (Onde ler: O Mistério da Árvore , Raul Brandão, Editora Escala Educacional, 2009)

Conts #65 - Estão apenas ensaiando (Bernardo de Carvalho, Brasil, 1993)

Pra variar, um conto nacional triste. Há uma subcamada metalinguistíca no texto, onde em um ensaio teatral se discute se a emoção do ator é ou não verdadeira. (Onde ler: Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século , Bernardo de Carvalho e outros, Editora Objetiva, 2000)

Conto #64 - A noiva da casa azul (Murilo Rubião, Brasil, 1947)

Um dos contos mais legais de Rubião principalmente pela atmosfera onírica no melhor estilo Além da Imaginação . Ah, e sempre me agradam os finais abertos que te obrigam a pensar após de terminar de ler o texto e de uma maneira ou outra, escrever o seu final.  (Onde ler: Murilo Rubião - Obra completa , Murilo Rubião, Editora Companhia das Letras, 2010)

Conto #63 - O país dos cegos (H.G. Wells, Inglaterra, 1904)

Assim como o Ensaio sobre a cegueira de Saramago, o conto de Wells explora o velho ditado que diz em terra de cegos quem tem um olho é rei. Imagine um "oásis" de incrível beleza escondido entre as montanhas dos Andes. Neste local vive um povo onde todos são cegos. É lógico que o texto se desdobra em uma infinidade de matéforas: a primeira é a inabilidade de ver a beleza das coisas. Logo, um explorador perdido acaba encontrando o local e rapidamente vê uma oportunidade de tornar-se rei daquele povo, afinal ele tem uma vantagem: pode enxergar. E existe ainda um certo twist em relação ao suposto vilão. (Onde ler: O País Dos Cegos e Outras Histórias , H.G. Wells, Editora  Alfaguara , 2013)

Conto #62 - Chova ou faça sol (Kazuo Ishiguro, Inglaterra, 2009)

Uma leitura fluída e agradável, talvez agradável demais. A trama é melancólica e faz lembrar aquelas novelas da Globo quais nada acontece e toca bossa nova o tempo todo, só que aqui, toca Chet Baker. Sabe, não é ruim, mas também não é bom. (Onde ler: Noturnos - Histórias de música e anoitecer , Kazuo Ishiguro, Editora Companhia das Letras, 2009)

Conto #61 - Pedrinho (Dalton Trevisan, Brasil, 1959)

Não me agrada esta tendência ou quase obrigação de alguns contos brasileiros serem barra pesada ou pessimistas/fatalistas ao extremo. No caso deste conto, Pedrinho, o garoto que dá nome ao conto, adoece e vem a óbito. Muito bem escrito, mas depressivo demais. (Onde ler: Novelas Nada Exemplares , Dalton Trevisan, Editora Record, 1994)

Conto #60 - Revelações (Luis Fernando Veríssimo, Brasil, 2013)

Um conto/crônica cujo bom gosto é um pouco questionável e que traz certa dose de preconceito em nome do humor. (Onde ler: Diálogos Possíveis , Luis Fernando Veríssimo, Editora Objetiva, 2012)

Conto #59 - Paula (Luis Fernando Veríssimo, Brasil, 2013)

E se você descobrisse que sua esposa é uma espiã com a missão de se infiltrar em sua vida? (Onde ler: Diálogos Possíveis , Luis Fernando Veríssimo, Editora Objetiva, 2012)

Conto #58 - O enganado (Luis Fernando Veríssimo, Brasil, 2013)

O plot seria algo assim: há algo muito errado se nada há de errado. Um homem não se conforma com a ausência de problemas em sua vida. (Onde ler: Diálogos Possíveis , Luis Fernando Veríssimo, Editora Objetiva, 2012)

Conto #57 - A estrela (H. G. Wells, Inglaterra, 1897)

Conto apocalíptico escrito há mais de 120 anos em uma linguagem quase científica, mas que tem uma reviravolta final trazendo um discurso que todo final pode ser, de uma maneira ou outra, um recomeço. (Onde ler: O País dos Cegos e outras histórias , H. G. Wells, Editora Alfaguara, 2014)

Conto #56 - O conselheiro (Luis Fernando Veríssimo, Brasil, 2013)

Conto curto carregado do humor característico do autor. Uma dúvida, se a hesitação e o estranhamento é usado para o efeito "humor", podemos classificar como fantástico? No conto, uma mulher tem em um ursinho de pelúcia com quem conversa e quem lhe ajuda nas decisões da vida, mesmo depois de casada. (Onde ler: Diálogos Possíveis , Luis Fernando Veríssimo, Editora Objetiva, 2012)

Conto #55 - Crooner (Kazuo Ishiguro, Inglaterra, 2009)

Não diria decepcionado, mas esperava um pouco mais de um Nobel da literatura. Porém, a leitura fácil e fluída, o texto sensível e o ambiente "cenográfico" e muito bem definido - uma Veneza às vezes romântica ao anoitecer e ao som melancólico do jazz, faz do conto uma experiência muitíssimo agradável. (Onde ler: Noturnos - Histórias de música e anoitecer , Kazuo Ishiguro, Editora Companhia das Letras, 2009)

Conto #54 - A diferença (Luis Fernando Veríssimo, Brasil, 2012)

Em uma clínica geriátrica, um hilário e surreal diálogo entre o Batman e o Drácula. Os dois homens morcegos discutem temas como a maturidade e a morte. Veríssimo constrói com facilidade e bom humor um texto fluído e de fácil assimilação - e como sempre de agradável leitura. (Onde ler: Diálogos Possíveis , Luis Fernando Veríssimo, Editora Objetiva, 2012)

Conto #53 - A moça tecelã (Marina Colasanti, Brasil, 1985)

Emblemática variação de um conto de fadas, lúdico e aberto à várias interpretações: desde a mulher livre que escreve seu destino à própria produção literária. (Onde ler: Contos Brasileiros Contemporâneos , Marina Colasanti e outros, Editora Salamandra, 2005)

Conto #52 - Luz sob a porta (Luiz Vilela, Brasil, 1988)

Mais um conto genial que trata do envelhecimento e das relações familiares. O tema é recorrente na literatura brasileira e o livro em questão, a antologia " Contos Brasileiros Contemporâneos " é em grande parte muito pesado e por várias vezes não há como fugir do nó-na-garganta. (Onde ler: Contos Brasileiros Contemporâneos , Luiz Vilela e outros, Editora Salamandra, 2005)

Conto #51 - No retiro da figueira (Moacyr Scliar, Brasil, 1986)

Começa bem, promete, mas não cumpre. O desfecho é pobre demais e parece encenar um humor gratuito. (Onde ler: Contos Brasileiros Contemporâneos , Moacyr Scliar e outros, Editora Salamandra, 2005)

Conto #50 - Guardador (João Antônio Ferreira Filho, Brasil, 1986)

Numa linguagem que tenta se aproximar a do personagem de rua, o conto traz uma imagem muito interessante, a do guardador de carros "morando" dentro de uma árvore. Embora não seja narrado em primeira pessoa, a linguagem e a forma com que o conto é narrado tem o efeito como se fosse o próprio personagem quem contasse o conto. Grande surpresa, de um autor até então desconhecido por mim. (Onde ler: Contos Brasileiros Contemporâneos , João Antônio Ferreira Filhor e outros, Editora Salamandra, 2005)

Conto #49 - A caçada (Lygia Fagundes Telles, Brasil, 1965)

Uma narrativa sobre um homem obcecado por uma tapeçaria, na verdade obcecado pelo desenho desta tapeçaria. O desenho é uma caçada. No texto, genial, diga-se de passagem, ocorre uma fusão lenta entre o personagem e o cenário desenhado pelos fios do tapete. (Onde ler: Antes do Baile Verde , Lygia Fagundes Telles, Editora Companhia das Letras, 2009)

Conto #48 - Os músculos (Ignácio de Loyola Brandão, Brasil, 1976)

O fantástico sufocante é usado pelo autor para criticar a situação dos brasileiros durante a ditadura militar (época em que o conto foi escrito). Arames nescem no quintal do protagonista, como se fossem plantas. Eles nascem sem parar, incessantemente. Um conto clautrofóbico e político - num estilo pelo qual o autor ficou conhecido, uma variante do realismo fantástico. (Onde ler: Contos Brasileiros Contemporâneos , Dalton Trevisan e outros, Editora Salamandra, 2005)

Conto #47 - Clínica de repouso (Dalton Trevisan, Brasil, 1979)

Outro conto que explora as relações familiares, a infelicidade e o envelhecimento (assim como Feliz Aniversário , da Clarice Lispector). Pessimista no sentido que parece não haver alternativas razoáveis  para o envelhecer. (Onde ler: Contos Brasileiros Contemporâneos , Dalton Trevisan e outros, Editora Salamandra, 2005)

Conto #46 - Feliz Aniversário (Clarice Lispector, Brasil, 1960)

Não se discute que Clarice seja genial, mas sua obra é, na maioria, algo que podemos chamar de depressivo, pessimista. É o caso deste conto, que trata dos sentimentos de uma amargurada senhora que faz 89 anos. A discussão é válida: o envelhecimento, os relacionamentos familiares, a (in)felicidade... E a construção de personagens profundos e sofridos é uma das marcas da autora. (Onde ler: Laços de Família , Clarice Lispector, Editora Rocco, 2000)

Conto #45 - Botão-de-rosa (Murilo Rubião, Brasil, 1979)

Crítica quase explícita ao modo sempre opressor que a ditadura trata seus desafetos. O fantástico  aqui está presente em dose quase homeopática. Apesar de político, a qualidade literária se sobresai.(Onde ler: Murilo Rubião - Obra completa , Murilo Rubião, Editora Companhia das Letras, 2010)

Conto #44 - Feliz Natal (Patrícia Melo, Brasil, 2011)

Me remeteu ao conto A Causa Secreta , do Machado. Nunca havia lido nada da autora e a surpresa foi agradável. O estilo da escrita é fluída e o conteúdo do conto é pesado, mas tratado com naturalidade. Me agradou também, por movivos pessoais extraliterários, a ironia final. (Onde ler: Escrevendo no escuro , Patrícia Melo, Editora Rocco, 2011)

Conto #43 - Um senhor muito velho com umas asas enormes (Gabriel Garcia Marques, Colômbia, 1972)

A escrita sútil característica do autor e o estilo fábula onde o personagem não se espanta com o fantástico, com o mágico, não omite a clara crítica comportamental. Resumido a trama: um velho anjo caído é incialmente tratado com curiosidade, em seguida é aprisionado para finalmente ser desprezado. Para mim a obra do colombiano Gabriel Garcia Marquez, apesar das nuances críticas, tem um efeito agradável e reconfortante. (Onde ler: A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada , Gabriel García Márquez, Editora Record, 1998)

Conto #42 - Presépio (Carlos Drummond de Andrade, Brasil, 1951)

O profano parece inerente à ansiedade da protagonista, que tem que terminar de montar o presépio a tempo de encontrar o namorado na missa. (Onde ler: Contos de aprendiz , Carlos Drummond de Andrade, Editora Companhia das Letras, 2012)

Conto #41 - Gaetaninho (Antônio de Alcântara Machado, Brasil, 1928)

Trágico e pessimista - e talvez eu não tenha entendido, pois não me cativou em nenhum momento, seja no ritmo apressado e truncado (proposital, é claro) ou no desfecho fatal. (Onde ler: Brás, Bexiga e Barra Funda , Antônio de Alcântara Machado, Editora Saraiva, 2009)

Conto #40 - Negrinha (Monteiro Lobato, Brasil, 1920)

Este conto não é de fácil absorção - e não estou falando do entendimento da trama em si. O problema é que a protagonista é maltratada (ofendida, agredida e insultada, física e psicológicamente) não apenas no desenrolar da história, mas também da maneira grosseira e animalizada como ela é descrita pelo autor. Em contrapartida, os personagens brancos são descritos de maneira elogiosa e "irônica". Esta contraposição é justificada pela ficção, mas não deixa de ser indigesta. Tudo isto desconsiderando a fama recente de racista que foi associada a Lobato. (Onde ler: Negrinha , Monteiro Lobato, Editora Globo, 2008)

Conto #39 - Felicidade Clandestina (Clarice Lispector, Brasil, 1971)

Curioso que para uma autora cuja marca são personagens sofridos e enredos um tanto pessimistas, o seu conto mais famoso tenha um final brilhante e extremamente feliz. Não que a personagem do conto não sofra, mas é do sofrimento que se extraí a felicidade.  (Onde ler: Felicidade Clandestina , Clarice Lispector, Editora Rocco, 1998)

Conto #38 - Os Sete Corvos (Os irmãos Grimm, Alemanha, 1827)

Como todo conto de fadas: mágico e ao mesmo tempo mórbido. (Onde ler: Contos de Grimm: Rapunzel / Os sete corvos , Irmãos Grimm, Editora Ática, 2008)

Conto #37 - A Última Crônica (Fernando Sabino, Brasil, 1965)

Com poucas figuras de liguagens e adjetivos, o texto do mineiro Fernando Sabino te deixa com um nó da garganta, ao mesmo tempo em que reverencia a produção literária. Inspiradíssimo. (Onde ler: A companheira de viagem , Fernando Sabino, Editora do Autor, 1965)

Conto #36 - Uma vela para Dario (Dalton Trevisan, Brasil, 1964)

O texto curto de Dalton Trevisan narra de maneira crua o episódio em que um desconhecido agoniza em meio a uma multidão de curiosos. Embora pessimista e trágico em uma primeira leitura, pode-se encontrar algum sinal de esperança representado na figura da criança que, por ato de piedade, acende uma vela para o cadáver. Numa livre e resumida interpretação: um discurso contra a desumanização do homem moderno. (Onde ler:  Vinte Contos Menores , Dalton Trevisan, Editora Record, 1979)

Conto #35 - D. José não era (Murilo Rubião, Brasil,1947)

Outro conto curto de Murilo Rubião, mas este de um estilo diferenciado, descontrutivo, carregado de interrogações e negativas. Afinal, o fantástico está no "não ser". (Onde ler: Murilo Rubião - Obra completa , Murilo Rubião, Editora Companhia das Letras, 2010)

Conto #34 - A Lua (Murilo Rubião, Brasil, 1947)

O insólito, o maravilhoso como deslocamento da realidade e o desdobramento em metáforas em um conto onde o algoz narra a perseguição e o assassinato de sua vítima. O estranhamento não está no crime, mas na libertação do personagem morto, que do seu interior escorre a lua. Um texto curto, mas poético e belo nas imagems criadas. (Onde ler: Murilo Rubião - Obra completa , Murilo Rubião, Editora Companhia das Letras, 2010)

Conto #33 - Teleco, o coelhinho (Murilo Rubião, Brasil, 1965)

Conto maravilhoso onde o estramento é absurdo. Uma das interpretações, a mais comum, é que o tema aborda a desumanização do ser humano. De concreto: um homem conhece um coelhinho (Teleco) na rua e, depois de um diálogo, se sensibiliza e leva-o para casa. O coelho tem o poder de se metamorfosear em outros animais e inicialmente o faz para agradar as pessoas. Mas logo, problemas característicos aos humanos começam a destruir a relação.   (Onde ler: Murilo Rubião - Obra completa , Murilo Rubião, Editora Companhia das Letras, 2010)

Conto #32 - O Pirotécnico Zacarias (Murilo Rubião, Brasil, 1974)

Fantástico como adjetivo e como gênero. Poderíamos definir como um conto de zumbi existencial. Leitura muito, muito prazeroza. (Onde ler: Murilo Rubião - Obra completa , Murilo Rubião, Editora Companhia das Letras, 2010)

Conto #31 - O demônio da perversidade (Edgar Allan Poe, EUA, 1845)

Um conto estranho de Poe, cuja primeira metade é um tratado filosófico e metafísico sobre a perversidade e a segunda uma confissão feita por um assassino preso. Interessante, mas pouco digerível. (Onde ler: Assassinatos na rua Morgue , Edgar Allan Poe, Editora L&PM, 2002)

Conto #30 - A conversa de Eiros e Charmion (Edgar Allan Poe, EUA, 1839)

Este conto curto de Poe é um diálogo entre dois personagens: Eiros (que morreu com o apocalipse) e Charmion (que morreu algum tempo antes). O assunto é a destruição da Terra que teria ocorrido pela colisão de um cometa. (Onde ler: O escaravelho de ouro e outras histórias , Edgar Allan Poe, Editora L&PM, 2010)

Conto #29 - A força humana (Rubem Fonseca, Brasil, 1965)

Mais uma vez o autor trabalha o homem em busca de seu lugar no mundo contemporâneo tendo como cenário a cidade grande. A força humana do conto não é somente metafórica, é a força física, a beleza do corpo...  (Onde ler: A coleira do cão , Rubem Fonseca, Editora Nova Fronteira, 2014)

Conto #28 - A opção (Rubem Fonseca, Brasil, 1965)

Este conto causa estranheza pelo formato: uma mistura de falas de médicos alunos e professores. O tema também é polêmico (ainda mais em 1965): eles discutem, como deuses, qual sexo será definido em um paciente hermafrodita após uma cirurgia, se será ele homem ou mulher. (Onde ler: A coleira do cão , Rubem Fonseca, Editora Nova Fronteira, 2014)

Conto #27 - Os graus (Rubem Fonseca, Brasil, 1965)

A narrativa fluída e oscilante em diferentes vozes e narradores presente na trama do conto Os Graus de Rubem Fonseca explora e questiona as frustrações humanas em relação ao envelhecimento, familia, sexo...  Como outros contos do livro A coleira do cão, o autor reflete o homem dentro da sociedade de uma maneira crua e verdadeira. (Onde ler: A coleira do cão , Rubem Fonseca, Editora Nova Fronteira, 2014)

Conto #26 - O gravador (Rubem Fonseca, Brasil, 1965)

Narrativa engenhosa onde vozes diferentes se encontram e desencontram numa trama que não deixa de questionar a sociedade. A virtude deste conto, um dos melhores (se é que podemos classificar textos como melhores ou piores, sem que pareça uma competição) que já li, está não somente no conteúdo - uma discussão sobre aparências, relacionamentos e solidão - mas também na forma que, apesar de intercalar narradores de uma maneira inteligentíssima, em seu desfecho, mostra-se uma trama completa, sem peças faltantes. (Onde ler: A coleira do cão , Rubem Fonseca, Editora Nova Fronteira, 2014)      

Conto #25 - A coleira do cão (Rubem Fonseca, Brasil, 1965)

Ponto positivíssimo para a fluídez cinematográfica de Rubem Fonseca em um conto policial (gênero pelo qual o autor ficou conhecido) hiper-realista que narra a rotina de investigação de um homicídio em uma delegacia no Rio de Janeiro. Apesar de escrito há 52 anos, nunca esteve tão atual. (Onde ler: A coleira do cão , Rubem Fonseca, Editora Nova Fronteira, 2014) 

Conto #24 - O fantasma de Canterville (Oscar Wilde, Irlanda, 1887)

Apesar de por vezes classificado infantil, o conto O fantasma de Canterville é de uma construção invejável: uma deliciosa mistura de horror, humor e drama. É impossível também não identificar no texto as características góticas que iriam influenciar o cinema, os quadrinhos e os cartoons do século seguinte a sua publicação. (Onde ler: Contos de suspense e terror: obras primas de grandes mestres do conto , vários autores, Lebooks Editora (digital), 2017) 

Conto #23 - O poço e o pêndulo (Edgar Allan Poe, EUA, 1842)

Genial e altamente sinestésico, a grande jogada de um dos contos mais famosos de Egar Allan Poe é não descrever o cenário ou a ação em nenhum momento, mas sim a percepção do personagem sobre tudo o que acontece. Ou seja, a visão do leitor é a do protagonista compartilhada e como quase toda a ação se passa na escuridão, a sensação é extremamente claustrofóbica e tensa - isto sem falar em alguns períodos de desorientação total. (Onde ler: Contos de suspense e terror: obras primas de grandes mestres do conto , vários autores, Lebooks Editora (digital), 2017) 

Conto #22 - Bocatorta (Monteiro Lobato, Brasil, 1918)

Conto literariamente muito bom, revelando um Lobato muito hábil com as ferramentas de construção do genêro fantástico. Contudo, me incomoda como o autor trata seus personagens negros. Pessoalmente, sinto uma presença muito forte do discurso extra-literário do escritor na narrativa - mas pode ser uma impressão errada. (Onde ler: Urupês , Monteiro Lobato, Editora Globo, 2007)

Conto #21 - O quarto do pesadelo (Sir Arthur Conan Doyle, Escócia, 1921)

Surpreendente, mas surpreendente mesmo, conto do criador de Sherlock Holmes. Além de muito bem escrito, o texto traz um plot twist totalmente imprevisível, ainda mais imaginando o ano em que foi escrito. Nada mais posso dizer, senão será spoiler . Recomendadíssimo. Ahh.. a figura acima ilustrava o conto quando foi originalmente publicado na revista  The Strand Magazine , em dezembro de 1921. (Onde ler: Contos de suspense e terror: obras primas de grandes mestres do conto , vários autores, Lebooks Editora (digital), 2017)

Conto #20 - O depoimento de Randolph Carter (H. P. Lovecraft, EUA, 1919)

De volta ao terreno das ancestrais criaturas de Lovecraft, neste conto temos o que poderia ser uma das primeiras referências ao Necronomicon (embora o texto no rodapé do livro negue). O autor usa novamente a estratégia (a qual não me incomoda, de maneira nenhuma) de não descrever diretamente algumas situações, referindo-se ao terror como inimaginável e indescritível. A trama é simples (apesar do discurso dentro do discurso) e narra a expedição à uma tumba onde vivem criaturas horrendas; a inovação está no uso de uma espécie de "telefone" pelo qual o personagem Harley Warren (que mergulha na escuridão da tumba) conversa e descreve o que vai acontecendo a Randolph Carter, seu ajudante. (Onde ler: H.P. Lovecraft: Medo Clássico Vol. 1 , H. P. Lovecraft, Editora DarkSide, 2017)

Conto #19 - Um ardil (Guy de Maupassant, França, 1880)

Dentro todos os contos que li este ano, este foi o que menos me cativou. Não me atraiu a linguagem, a trama... simples assim, não me atraiu. Telvez contextualizando historicamente, o texto tenha um peso maior, pela maneira como ele trata a mulher. (Onde ler: Contos de Suspense e Terror: Obras primas de grandes mestres do conto , vários autores, Lebooks Editora (digital), 2017)