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Mostrando postagens de fevereiro, 2018

Conto #56 - O conselheiro (Luis Fernando Veríssimo, Brasil, 2013)

Conto curto carregado do humor característico do autor. Uma dúvida, se a hesitação e o estranhamento é usado para o efeito "humor", podemos classificar como fantástico? No conto, uma mulher tem em um ursinho de pelúcia com quem conversa e quem lhe ajuda nas decisões da vida, mesmo depois de casada. (Onde ler: Diálogos Possíveis , Luis Fernando Veríssimo, Editora Objetiva, 2012)

Conto #55 - Crooner (Kazuo Ishiguro, Inglaterra, 2009)

Não diria decepcionado, mas esperava um pouco mais de um Nobel da literatura. Porém, a leitura fácil e fluída, o texto sensível e o ambiente "cenográfico" e muito bem definido - uma Veneza às vezes romântica ao anoitecer e ao som melancólico do jazz, faz do conto uma experiência muitíssimo agradável. (Onde ler: Noturnos - Histórias de música e anoitecer , Kazuo Ishiguro, Editora Companhia das Letras, 2009)

Conto #54 - A diferença (Luis Fernando Veríssimo, Brasil, 2012)

Em uma clínica geriátrica, um hilário e surreal diálogo entre o Batman e o Drácula. Os dois homens morcegos discutem temas como a maturidade e a morte. Veríssimo constrói com facilidade e bom humor um texto fluído e de fácil assimilação - e como sempre de agradável leitura. (Onde ler: Diálogos Possíveis , Luis Fernando Veríssimo, Editora Objetiva, 2012)

Conto #53 - A moça tecelã (Marina Colasanti, Brasil, 1985)

Emblemática variação de um conto de fadas, lúdico e aberto à várias interpretações: desde a mulher livre que escreve seu destino à própria produção literária. (Onde ler: Contos Brasileiros Contemporâneos , Marina Colasanti e outros, Editora Salamandra, 2005)

Conto #52 - Luz sob a porta (Luiz Vilela, Brasil, 1988)

Mais um conto genial que trata do envelhecimento e das relações familiares. O tema é recorrente na literatura brasileira e o livro em questão, a antologia " Contos Brasileiros Contemporâneos " é em grande parte muito pesado e por várias vezes não há como fugir do nó-na-garganta. (Onde ler: Contos Brasileiros Contemporâneos , Luiz Vilela e outros, Editora Salamandra, 2005)

Conto #51 - No retiro da figueira (Moacyr Scliar, Brasil, 1986)

Começa bem, promete, mas não cumpre. O desfecho é pobre demais e parece encenar um humor gratuito. (Onde ler: Contos Brasileiros Contemporâneos , Moacyr Scliar e outros, Editora Salamandra, 2005)

Conto #50 - Guardador (João Antônio Ferreira Filho, Brasil, 1986)

Numa linguagem que tenta se aproximar a do personagem de rua, o conto traz uma imagem muito interessante, a do guardador de carros "morando" dentro de uma árvore. Embora não seja narrado em primeira pessoa, a linguagem e a forma com que o conto é narrado tem o efeito como se fosse o próprio personagem quem contasse o conto. Grande surpresa, de um autor até então desconhecido por mim. (Onde ler: Contos Brasileiros Contemporâneos , João Antônio Ferreira Filhor e outros, Editora Salamandra, 2005)

Conto #49 - A caçada (Lygia Fagundes Telles, Brasil, 1965)

Uma narrativa sobre um homem obcecado por uma tapeçaria, na verdade obcecado pelo desenho desta tapeçaria. O desenho é uma caçada. No texto, genial, diga-se de passagem, ocorre uma fusão lenta entre o personagem e o cenário desenhado pelos fios do tapete. (Onde ler: Antes do Baile Verde , Lygia Fagundes Telles, Editora Companhia das Letras, 2009)

Conto #48 - Os músculos (Ignácio de Loyola Brandão, Brasil, 1976)

O fantástico sufocante é usado pelo autor para criticar a situação dos brasileiros durante a ditadura militar (época em que o conto foi escrito). Arames nescem no quintal do protagonista, como se fossem plantas. Eles nascem sem parar, incessantemente. Um conto clautrofóbico e político - num estilo pelo qual o autor ficou conhecido, uma variante do realismo fantástico. (Onde ler: Contos Brasileiros Contemporâneos , Dalton Trevisan e outros, Editora Salamandra, 2005)

Conto #47 - Clínica de repouso (Dalton Trevisan, Brasil, 1979)

Outro conto que explora as relações familiares, a infelicidade e o envelhecimento (assim como Feliz Aniversário , da Clarice Lispector). Pessimista no sentido que parece não haver alternativas razoáveis  para o envelhecer. (Onde ler: Contos Brasileiros Contemporâneos , Dalton Trevisan e outros, Editora Salamandra, 2005)

Conto #46 - Feliz Aniversário (Clarice Lispector, Brasil, 1960)

Não se discute que Clarice seja genial, mas sua obra é, na maioria, algo que podemos chamar de depressivo, pessimista. É o caso deste conto, que trata dos sentimentos de uma amargurada senhora que faz 89 anos. A discussão é válida: o envelhecimento, os relacionamentos familiares, a (in)felicidade... E a construção de personagens profundos e sofridos é uma das marcas da autora. (Onde ler: Laços de Família , Clarice Lispector, Editora Rocco, 2000)

Conto #45 - Botão-de-rosa (Murilo Rubião, Brasil, 1979)

Crítica quase explícita ao modo sempre opressor que a ditadura trata seus desafetos. O fantástico  aqui está presente em dose quase homeopática. Apesar de político, a qualidade literária se sobresai.(Onde ler: Murilo Rubião - Obra completa , Murilo Rubião, Editora Companhia das Letras, 2010)

Conto #44 - Feliz Natal (Patrícia Melo, Brasil, 2011)

Me remeteu ao conto A Causa Secreta , do Machado. Nunca havia lido nada da autora e a surpresa foi agradável. O estilo da escrita é fluída e o conteúdo do conto é pesado, mas tratado com naturalidade. Me agradou também, por movivos pessoais extraliterários, a ironia final. (Onde ler: Escrevendo no escuro , Patrícia Melo, Editora Rocco, 2011)

Conto #43 - Um senhor muito velho com umas asas enormes (Gabriel Garcia Marques, Colômbia, 1972)

A escrita sútil característica do autor e o estilo fábula onde o personagem não se espanta com o fantástico, com o mágico, não omite a clara crítica comportamental. Resumido a trama: um velho anjo caído é incialmente tratado com curiosidade, em seguida é aprisionado para finalmente ser desprezado. Para mim a obra do colombiano Gabriel Garcia Marquez, apesar das nuances críticas, tem um efeito agradável e reconfortante. (Onde ler: A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada , Gabriel García Márquez, Editora Record, 1998)

Conto #42 - Presépio (Carlos Drummond de Andrade, Brasil, 1951)

O profano parece inerente à ansiedade da protagonista, que tem que terminar de montar o presépio a tempo de encontrar o namorado na missa. (Onde ler: Contos de aprendiz , Carlos Drummond de Andrade, Editora Companhia das Letras, 2012)

Conto #41 - Gaetaninho (Antônio de Alcântara Machado, Brasil, 1928)

Trágico e pessimista - e talvez eu não tenha entendido, pois não me cativou em nenhum momento, seja no ritmo apressado e truncado (proposital, é claro) ou no desfecho fatal. (Onde ler: Brás, Bexiga e Barra Funda , Antônio de Alcântara Machado, Editora Saraiva, 2009)

Conto #40 - Negrinha (Monteiro Lobato, Brasil, 1920)

Este conto não é de fácil absorção - e não estou falando do entendimento da trama em si. O problema é que a protagonista é maltratada (ofendida, agredida e insultada, física e psicológicamente) não apenas no desenrolar da história, mas também da maneira grosseira e animalizada como ela é descrita pelo autor. Em contrapartida, os personagens brancos são descritos de maneira elogiosa e "irônica". Esta contraposição é justificada pela ficção, mas não deixa de ser indigesta. Tudo isto desconsiderando a fama recente de racista que foi associada a Lobato. (Onde ler: Negrinha , Monteiro Lobato, Editora Globo, 2008)

Conto #39 - Felicidade Clandestina (Clarice Lispector, Brasil, 1971)

Curioso que para uma autora cuja marca são personagens sofridos e enredos um tanto pessimistas, o seu conto mais famoso tenha um final brilhante e extremamente feliz. Não que a personagem do conto não sofra, mas é do sofrimento que se extraí a felicidade.  (Onde ler: Felicidade Clandestina , Clarice Lispector, Editora Rocco, 1998)

Conto #38 - Os Sete Corvos (Os irmãos Grimm, Alemanha, 1827)

Como todo conto de fadas: mágico e ao mesmo tempo mórbido. (Onde ler: Contos de Grimm: Rapunzel / Os sete corvos , Irmãos Grimm, Editora Ática, 2008)

Conto #37 - A Última Crônica (Fernando Sabino, Brasil, 1965)

Com poucas figuras de liguagens e adjetivos, o texto do mineiro Fernando Sabino te deixa com um nó da garganta, ao mesmo tempo em que reverencia a produção literária. Inspiradíssimo. (Onde ler: A companheira de viagem , Fernando Sabino, Editora do Autor, 1965)

Conto #36 - Uma vela para Dario (Dalton Trevisan, Brasil, 1964)

O texto curto de Dalton Trevisan narra de maneira crua o episódio em que um desconhecido agoniza em meio a uma multidão de curiosos. Embora pessimista e trágico em uma primeira leitura, pode-se encontrar algum sinal de esperança representado na figura da criança que, por ato de piedade, acende uma vela para o cadáver. Numa livre e resumida interpretação: um discurso contra a desumanização do homem moderno. (Onde ler:  Vinte Contos Menores , Dalton Trevisan, Editora Record, 1979)

Conto #35 - D. José não era (Murilo Rubião, Brasil,1947)

Outro conto curto de Murilo Rubião, mas este de um estilo diferenciado, descontrutivo, carregado de interrogações e negativas. Afinal, o fantástico está no "não ser". (Onde ler: Murilo Rubião - Obra completa , Murilo Rubião, Editora Companhia das Letras, 2010)

Conto #34 - A Lua (Murilo Rubião, Brasil, 1947)

O insólito, o maravilhoso como deslocamento da realidade e o desdobramento em metáforas em um conto onde o algoz narra a perseguição e o assassinato de sua vítima. O estranhamento não está no crime, mas na libertação do personagem morto, que do seu interior escorre a lua. Um texto curto, mas poético e belo nas imagems criadas. (Onde ler: Murilo Rubião - Obra completa , Murilo Rubião, Editora Companhia das Letras, 2010)

Conto #33 - Teleco, o coelhinho (Murilo Rubião, Brasil, 1965)

Conto maravilhoso onde o estramento é absurdo. Uma das interpretações, a mais comum, é que o tema aborda a desumanização do ser humano. De concreto: um homem conhece um coelhinho (Teleco) na rua e, depois de um diálogo, se sensibiliza e leva-o para casa. O coelho tem o poder de se metamorfosear em outros animais e inicialmente o faz para agradar as pessoas. Mas logo, problemas característicos aos humanos começam a destruir a relação.   (Onde ler: Murilo Rubião - Obra completa , Murilo Rubião, Editora Companhia das Letras, 2010)

Conto #32 - O Pirotécnico Zacarias (Murilo Rubião, Brasil, 1974)

Fantástico como adjetivo e como gênero. Poderíamos definir como um conto de zumbi existencial. Leitura muito, muito prazeroza. (Onde ler: Murilo Rubião - Obra completa , Murilo Rubião, Editora Companhia das Letras, 2010)

Conto #31 - O demônio da perversidade (Edgar Allan Poe, EUA, 1845)

Um conto estranho de Poe, cuja primeira metade é um tratado filosófico e metafísico sobre a perversidade e a segunda uma confissão feita por um assassino preso. Interessante, mas pouco digerível. (Onde ler: Assassinatos na rua Morgue , Edgar Allan Poe, Editora L&PM, 2002)

Conto #30 - A conversa de Eiros e Charmion (Edgar Allan Poe, EUA, 1839)

Este conto curto de Poe é um diálogo entre dois personagens: Eiros (que morreu com o apocalipse) e Charmion (que morreu algum tempo antes). O assunto é a destruição da Terra que teria ocorrido pela colisão de um cometa. (Onde ler: O escaravelho de ouro e outras histórias , Edgar Allan Poe, Editora L&PM, 2010)